terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Yamaha XT 1200 Z Super Ténéré, a moto da viagem

Para definir o comportamento da moto na viagem em uma palavra, escolho a seguinte: brilhante.

Não pela cor, mas pelo desempenho como um todo.

Não gosto de marcas, não tenho amor a bens materiais, tampouco a pedaços de metais, plástico e borracha que custam no Brasil quase que o dobro em relação a outros países, mas a Téréré 1200 funcionou que foi uma beleza.

Foram 45 dias de viagem por terrenos duros, duros de verdade, cheia de bagagem e com uma pilotagem nada coxinha.

Se você acompanhou o blog ou pode dar uma olhada de vez em quando provavelmente pode ver que andamos bastante em terra, lama, areia... e nesses trechos não foi nada fácil.

Peso 100kg, a garupa mais uns 60 (nunca sei quanto ela pesa...), leve os baús laterais originais da Yamaha e na base onde vai o bauleto traseiro levei uma barraca de 3 lugares, 2 colchões com saco de dormir (sleepin' bed da decathon) e .... tinha mais alguma coisa... ah, na ida tinha duas champanhes e meu tênis, e na volta veio com roupa suja e comida.

Rapaz, tava pesado viu. Se você não está acostumado não faz isso não. Como eu sempre ando com a garupa pesada não sofro tanto, já acostumei. E acostumei fazendo off road na Serra da Canastra. O terreno parece bastante com a terra que pegamos na Bolívia e no Peru!!!

Bem, veja aqui o que a moto tem de diferente de uma original e alguns aspectos dela:
  • É uma XT 1200 ano 2011, que saiu do Brasil fazendo 70.000km;
  • Manutenções feitas em concessionária até o fim da garantia e depois em oficina de grande confiança e que mexe com muitas big;
  • Pneu Mitas E-07 na frente e atrás. O dianteiro tinha 9 mil rodados quando sai do Brasil. O traseiro era zero, tinha menos de 1 semana;
  • Protetor de motor (o de baixo) em alumínio original da Yamaha, amassado que só ele...
  • Protetor de motor da Motopoint RC, aquele lateral para evitar destruição quando a bixona tomba;
  • Alargador do pezinho que eu mesmo fiz em casa, para ela não afundar na terra/areia/lama (http://youtu.be/GGL_yiYjhrM)
  • GPS Garmin Nuvi 1450 (eu acho), é um de carro normal que fiz um suporte pra caber na moto, suporte caseiro... não molha porque a bolha protege;
  • Manoplas aquecidas Daytona (http://www.off-the-road.de/ ou http://daytona-global.com/products/?page=Products_SubCategs&mfrID=9&categID=13)
  • Baús laterais originais da Yamaha (saiu caro viu....);
  • Farol de milha xenon, xing ling no último...do mais vagabundinho;
  • Pedaleiras off road da marca... Pivot Pegz (www.pivotpegz.net)
  • Botão on/off para o ABS, também da www.off-the-road.de
Hum...que mais? Acho que só de acessórios.

O QUE DEU ERRADO

Nada.

Só precisa regular a suspensão certinho e vai embora.

Agora, o foda é regular a suspensão para diversos terrenos e toda aquela bagagem. Nunca fiz curso disso e aprendi na tentativa e erro.

A Ténéré 1200 tem 3 regulagens da suspensão dianteira e 2 regulagens na traseira.

Começando pela frente, vamos lá...

A frente tem 3 parafusos possíveis de regulagem. Todos são na bengala, a suspensão dianteira. Na parte de baixo da bengala, próximo ao parafuso da roda, há um parafuso vermelho para aperto/soltar. Esse regula a força de "empurrar" a suspensão para fora, de esticar ela.

No topo da bengala há um parafuso semelhante, de cabeça vermelha também, esse regula a força de "engolir" a suspensão.

Quanto mais apertados, mais difícil e lento vai ser para a moto "engolir" a suspensão e também para "cuspir" ela para fora novamente.

O que eu fiz?

Bem, com moto pesada, para não trepidar muito, o parafuso de cima, que regula a força/resistência na hora de "engolir" a suspensão, deixei macio, mole, abri bastante, soltei esse parafuso. Soltei 90 ou 95%.

O de cima é este aqui em cinza com o número 1 e a setinha:




Já o de baixo, ficou apertado, tipo 80% do total.

O de baixo é esse aqui:


Leia no manual que ele traz a quantidade de "clicks" que cada parafuso faz. Está nas páginas 3-28 e 3-29 do manual em português de Portugal.

E o terceiro parafuso, aliás, uma porca, aquela que não temos chave para apertar (é sextavada), que fica na cabeça de cima da bengala, presa junto à mesa, é o ajuste do peso, da carga sobre a mola.

É esse aqui...não é um parafuso, é tipo uma porca:



Isso você só tira do standard se você for muito levinho ou muito gordinho. Pois se for muuuuito gordo, talvez quando frear a dianteira e pegar algum solavanco forte pode tomar um final de curso. Isso nunca, absolutamente nunca aconteceu comigo. Nem com garupa e todo o peso, mesmo concentrando todo o peso de frenagem na frente, jamais tomei final de curso na dianteira.

Apertar ou soltar a carga da mola dianteira pode até deixar mais mole a suspensão e baixar um pouco a dianteira se soltarmos ela, mas não vi a necessidade. Vou tentar ajustar para mais mole um dia e ver como ela se comporta no off road, mas receio de ficar muito pesada, afundada sabe?

Bem, na traseira... ali não tem segredo. São 2 parafusos.

Um é aquela baita peça para regular, preta, que fica virada para fora. Ali apertamos quando estamos com muita carga e soltamos quando estamos leve. Ficou apertada 90/95% todo o tempo, pois estava sempre carregado. Só em Arequipa e outra cidade que andei sem bagagem eu deixei mais mole, pois não tem necessidade de deixar a mola tão apertada.

Compressão é esta aqui:



Fora isso tem um parafuso embaixo do amortecedor traseiro, fica na lateral, num lugar que geralmente tá bem sujo. Depois de lavar a moto, inclusive aquele lugar, veja nas peças que seguram o amortecedor traseiro que há uma cabeça de parafuso com duas flechas e duas letras (H e S), hard e soft. Para um lado aperta (hard) e para outro solta (soft).

Isso tem o mesmo efeito da suspensão dianteira, regula a resistência de "engolir" a suspensão traseira. Então quanto mais apertado, mais resistente vai ser para a moto engolir a traseira. Se for mais mole, ela engole mais fácil.

É esse ajuste aqui:


Para o lado (a) aperta, para o (b) solta.

A diferença entre apertar e soltar esse ajuste é que se estiver muito solto a moto fica totalmente boba na estrada em pequenas ondulações, pois fica engolindo e cuspindo a suspensão a todo tempo, com qualquer solavanco bobinho, deixando a pilotagem horrível. Se apertar demais ela fira muito dura e não copia os buracos e daí você fica tomando porrada quando passar em buraco, fica vibrando, saltitante...

Na traseira, o ajuste de recuo (engolir a suspensão), deixei 80% duro.

CALIBRAGEM DOS PNEUS

Bem, cada pneu tem uma calibragem diferente e ela deve ser adaptada conforme o piso.

Asfalto lisinho sem buraco, pode colocar o que o fabricante recomenda, conforme a carga. A nossa vai até 42 na traseira eu acho.

Coloquei 39, pois o Mitas E-07 tem muitos cravos e se deixar duro racha todo, além de não fazer muita tração.

Na dianteira deixei sempre macio, não mais de 27-30. Porém, o foda é saber quando tá assim, nessa pressão, pois na Bolívia inteira e em boa parte do Peru não encontrei calibrador que indica a pressão. O jeito foi encher e sentir no dedo mesmo.

Aí bixo, só tentativa e erro. Enche e sai...se estiver vibrando e pulando a dianteira, baixa um pouco. Mas não demais, pois se passar em buraco ou vc ganha um dente na roda ou rasga o pneu.

O QUE FOI ESTRANHO:

Antes de viajar eu troquei o óleo da suspensão dianteira. Coloquei um óleo mais grosso, não lembro qual agora. Tem que ver com o mecânico.

Antes mesmo de sair de viagem vazou um pouco de óleo da suspensão, só do lado direito. Depois parou. Achei que fosse o retentor, mas não era, pois parou e ficou perfeito.

Durante a viagem também vazou um pouco depois de andar uns 10 mil. A moto estava com 80mil naquela hora. Achei que o retentor da bengala estivesse ido para o beleléu, mas também parou de vazar. Vazou pouco. O suficiente para sujar aquela região toda, mas sem comprometer a pilotagem tampouco a capacidade de amortecimento.

Não senti diferença alguma por conta do vazamento. E curioso que vazou logo depois que enchi o pneu. Como não dava para saber se estava muito duro, pois quem encheu foi um borracheiro, provavelmente o cara encheu demais. Então parei no fim do dia e murchei um pouco. Resultado: parou de vazar.

Falei com um mecânico que entende bem aqui em SP e ele disse que há 3 coisas que podem fazer vazar:

- mudança na pressão dos pneus;
- mudança na regulagem da suspensão (duro/mole);
- estrago do retentor...daí já era.

Como baixar a pressão já resolveu, acho que o problema foi esse. Se fosse retentor não chegaria a SP pelo que me disseram sobre estouro de retentor.

A moto passou dos 85 mil agora, então tá na hora de ajustar isso.

Ah, esqueci de falar, os faróis de milha xing ling.... um deles caiu no meio dos Andes nas estradas de terra com muita vibração! hehehehe só percebi quando cheguei em uma cidade para abastecer e vi um fio esticado lá heheheh

Bem, como custou baratinho, o preju foi pouco. Vou comprar um bom agora, quem sabe da PIAA (http://www.piaa.com/store/p/414-Yamaha-Tenere-LP530-LED-Driving-Light-Kit.aspx)

Fora isso... o pneu dianteiro que já saiu do Brasil meia vida (tava com 9 mil rodados) acabou no meio da viagem, aliás, já entrando no Brasil. Na última descida dos Andes sentido amazônia peruana o bixo acabou, ficou liso. Então comprei um Metzeler Tourance original na Yamaha em Cacoal/RO. Um achado...uma história a parte. Veja no relato do dia.

Só ajuste o farol para não atrapalhar a galera de noite, pois com todo esse peso o facho do farol vai lá nas árvores. Tem uma regulagem meio chata de fazer, mas vc consegue encontrar no manual, certeza.

NAS ALTURAS

Nas alturas a moto perde força. Mas acho que não é só ela. Com menos oxigênio acima de 3.500m ela começa a ficar mais fraca. A 4.500m fica xoxa. Nada a fazer. Só anda e saiba que agora você está com uma 600/800cc no máximo. Fica lenta mesmo...ainda mais nas subida que vc precisa ultrapassar caminhão.

É isso aí amigo, a Super Ténéré que andou conosco foi uma ano 2011/2012. Sensacional. Um motão.

Não há absolutamente nada a reclamar dela. Tá com 85 mil e pedindo para ir para a África de navio em container agora, louquinha pra passear do outro lado do Atlântico conosco.

É a moto certa para uma viagem dessas, pois tem Yamaha por toda a América do Sul para encontrar óleo, peças de reposição em caso de emergência, etc... vai com uma BMW ou Triumph e quebra ela na Bolívia pra você ver o que te acontece!!! heheheh, com certeza você vai perceber que "fodeu".

Sem apelo emocional à marca, ela está disponível nas maioria das cidades, tanto ou até mais que a Honda.

Um abraço e sintam-se à vontade para postar perguntas e pedir mais fotos.

Até breve!

5 comentários:

  1. salve Luis, aquele vazamento que apareceu no cardan, continuou? o que causou o vazamento? desde que voce adquiriu a tenere, teve que fazer alguma manutencao fora do comum(oleos, filtros, pneus, pastilhas...)? ultima, consumo nas alturas, mudou muito alem da perda de potencia? att, *to sem acentuacao rs

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    1. Fala Ander! Aquele vazamento no cardã continuou. Não sei o que é, mas não notei nada diferente na dirigibilidade da moto. Ela foi deixada para revisão hoje. Falei com o chefe da oficina e ele ficou de observar isso.
      Desde que adquiri não tive grandes problemas, manutenções normais. Só a suspensão dianteira que vazou um pouco de óleo, acho que você viu. Mas também parou. Talvez tenha sido a mudança repentina na pressão do pneu e grande peso da carga. Tive uma surpresa na suspensão traseira que espanou a peça de plástico usada para apertar/soltar e a Yamaha trocou prontamente na garantia.
      Consumo nas alturas, normal... cai, mas o relevo impacta bastante, pois subir de 2.500 pra 4.700m realmente força tudo...até a gente.
      Se estiver a fim da moto, pode comprar de olho fechado. Uso ela ao extremo, é só ver os videos do canal www.youtube.com/luhebrsp

      Abraço e até mais!

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  2. Luís, estou me preparando para voltar novamente ao mundo das "Bigs", ando pesquisando muito sobre prós e contras de diferentes modelos, antigos e mais novos! Gosto muito dessa Super 1200. Sempre tive um "pé atras" por causa do peso dela. Gosto muito de um off road, então esse fator peso me deixa em dúvida e quase optando pela 660, mas vendo seus vídeos e do pessoal e esse blog, fiquei mais animado! rsss Parabéns pelo trator!!

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    1. hahahaha, ela é pesada sim rapaz, seca 260kg, dai põe acessórios, combustível, etc.... e vai 300 fácil. Sem contar vc e garupa, pode chegar tudo a 450/500 quase.
      Dependendo da sua altura e do seu peso ela pode ser uma boa opção, mas se vc for baixinho esquece, pois vai sofrer demais para dominar ela. Precisa de perna e braço para andar devagar, nos trechos travados. Quando é estrada é tranquilo, mas trilha e trechos travados demanda um certo esforço físico.
      Aproveite!

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  3. Obrigado pelas dicas tenho uma 2016 mas não sabia destes pormenores do amortecedor valeu mesmo.

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