quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

25º dia: de Guayaquil a Galápagos

LUÍS:



Na capa, nosso amigo iguana.


Hoje foi o dia em que voamos de Guayaquil para Galápagos, na Ilha Santa Cruz. A moto ficou no continente...

Aqui tudo é tão caro quanto bonito. Primeiro que Equador não tem moeda própria e adota o dólar americano como moeda corrente para tudo, absolutamente tudo. No continente as coisas tem preços normais, mas aqui os preços são mais elevados, desde um simples táxi, uma garrafa d'água até um passeio de lancha até uma ilha vizinha.

Não achei que fosse tão caro, mas já que estamos aqui e dificilmente voltarei outra vez na vida, vamos aproveitar.

Acordamos relativamente cedo e arrumamos as coisas. Deixamos as malas laterais da moto no hotel, dentro delas as jaquetas das motos. Só a bota ficou de fora. O resto veio conosco na mala que compramos no dia anterior. Deixei a moto no outro hotel do mesmo dono deste onde ficamos e tudo ok! Guidão travado na chave e capacetes presos, vamos seguir viagem tranquilo. Só espero ver tudo intacto novamente quando voltar!!!

Pegamos um táxi até o aeroporto, 4 dólares. O taxista tinha uns 40/45 anos e jamais visitara Galápagos, sabe que é bonito, mas caro, então nunca veio.

Talvez seja como Fernando de Noronha para nós brasileiros. Sabemos que existe, mas poucos foram, pois os preços são absurdos. A diferença é que aqui o país todo não deve ser maior que Bahia, Sergipe, Paraíba, Alagoas e Pernambuco juntos.

Fizemos um cadastro para entrar nas Ilhas Galápagos e lá se vão 10 dólares, check-in, bagagem de mão verificada, café da manhã na barriga e vamos para o embarque!






Voo tranquilo, avião da Lan (Airbus 320 acho). Era horário de almoço, mas nada de rango, só bolachinha, biscoitinho e barra de cereal.

Sobrevoamos boa parte do Pacífico encoberto de nuvens, mas ao se aproximar das ilhas o tempo se abriu e começamos a ver o solo rodeado daquelas águas azuis ou verdes, defina a cor você mesmo...







Avançamos mais um pouco e pousamos. Aeroporto simples e com pista antiga, todo sustentável. Há 3 torres de energia eólica (sabe os cata-vento gigantes?) que fornecem energia para o aeroporto e toda a ilha do lado, a Santa Cruz. A ilha onde pousamos é Baltra, fica a cerca de 200m da Santa Cruz, separada por um pequeno canal.

Ao pousar, nada de pegar a bagagem. Precisa fazer mais um registro com um formulário previamente preenchido no avião e pagar USD 100 por cabeça. Brasileiros (Mercosul) paga 50 apenas. Essa foi a primeira vantagem de ser brasileiro até agora na viagem toda!!!



Tarifa paga, passamos a malinha de mão mais uma vez no raio X e esperamos um bus que nos levaria até o canal. Aproveitamos e nos juntamos a um grupo que faria um passeio de barco, tipo de agência de turismo sabe. Ao nos aproximarmos do canal, a cor da água chama muito a atenção... lindo.








Aguardamos o barquinho e lá se foi mais 2 dólares para atravessar. Em seguida esperamos um ônibus que nos levaria até a cidade do outro lado da ilha, pois de táxi custa 18 dólares.



Esperamos, esperamos... e enquanto eu arrumava a alça da mala sem querer encostei num cactus. Nem percebi na hora. Mas depois iria perceber muito bem...

Entrei no bus e começou a coceira, pinicação. Puta que pariu mano... o bagulho fdp, coça, cheio de espinhozinho do tamanho de um pelo de nariz, fininho, quase invisível. Ficaram um monte perto do meu cotovelo direito, e quando passei a mão uns 5 entrou nos dedos. Depois ao tirar entraram na outra mão e na boca, quando tentei arrancar com os dentes. Então comi eles e pararam de encher o saco. Só assim mesmo, arrancando com os dentes e mastigando essas porcarias, ou deixando ao vento, depois de tirar da pele.

A maioria deles saiu, mas me incomodariam por algumas horas neste dia ainda. E no dia seguinte tirei mais um do braço. Incrível como são persistentes.

Bem, passeamos de bus de um lado ao outro da ilha, de norte a sul para ser mais exato. E no centro havia um ponto bem alto, cerca de uns 300m de altura sobre o mar. Supostamente era a parte alta do vulcão que deu origem à ilha, adormecido há milhares ou milhões de anos até. É notável a diferença de clima entre 100m de altura. Perto da praia é extremamente calor, depois ao subir vai ficando mais úmido, a temperatura cai e até fica nublado. Em certos pontos havia garoa.

Chegamos ao outro lado da ilha, descendo, foi esquentando e saindo mais sol. Povoado pequeno, 99% depende de turismo para viver. Paramos no último ponto do bus, no muelle (pier) e caminhamos até o hotel, não mais de 200m. Chegamos na verdade na hospedagem, casa de um casal de senhores que parece morar com um filho, alugam diversos quartos, uns 5 ao nenos.

Deixamos as coisas e fomos andar pela cidade, em busca da estação Charles Darwin. Era do outro lado da cidade, mas nada que 10min caminhando não nos deixe chegar.





Chegamos lá e havia uma parte tipo "berçário de tartaruga", pois atualmente os ovos das tartarugas gigantes são colhidos e os "bebês" vivem em cativeiro até um certo período em que estão menos expostos a predadores como o rato. Sim, ratos enormes comem os ovos e filhotes de tartaruga.

Depois dessa parte tem umas iguanas de cores diferentes, espécies distintas, cada uma de uma ilha diferente e com uma história diferente. Poucas tem placa explicando a história. Mas há uma espécie que era de uma ilha mais remota aqui do arquipélago e foi quase extinta, quando descobriram que no zoológico de Veneza havia umas 20 vivendo lá, mas sem se reproduzir. Tentaram de tudo e nada de as iguanas se reproduzirem lá. Então retiraram 300 toneladas do solo daqui da ilha de origem dessas iguanas e levaram para o zoológco de Veneza. As iguanas então se reproduziram e algumas foram repatriadas para a ilha de origem. Engraçado né, o solo faz tanta diferença assim para elas e mesmo depois de muitos anos inativas sexualmente ainda conseguiram se reproduzir com uma simples mudança de solo, que sequer foi uma mudança completa de ambiente. Até porque o calor e umidade daqui não são os mesmos de Veneza, tampouco a alimentação. Mas enfim, trocaram o solo do cativeiro e tudo deu certo.



O mesmo destino não teve a espécie da tartaruga mais famosa do mundo, o "Velho George", nativa de uma ilha em especial, tentaram cruzar ele com outras espécies de outras ilhas, sem sucesso. Morreu em 2012 parece e teve o corpo levado para os EUA para ser embalsamado, agora está em Quito e em breve voltará para Santa Cruz, onde já tem um espeço destinado a ser o seu espaço de adoração.

Só para não perder o gancho, parece estranho cruzar a espécie de uma ilha com a espécie de outra ilha, mas isso dá certo sim. Macho da ilha A e fêmea da ilha B, predomina a espécie do macho. Mas nesse caso do George não deu certo. Usaram ele para tentar cruzar com mais de uma fêmea, mas não funcionou. Talvez a espécie era muito diferente ou o velho George era meia bomba. Agora tá só na história, livros, fotos...e em breve embalsamado aqui em Santa Cruz.

Em algumas centenas de anos os humanos acabaram com algumas espécies endêmicas das ilhas, assim como outros animais ao redor do globo. Hoje cada vez mais os bichos em risco de extinção são protegidos e assistidos de todas as formas. No passado não era assim né, comiam carne de tartaruga e estava tudo bem! Tarde demais para alguns, a vida segue para outros.






De toda forma, visitar essas tartarugas gigantes foi demais. São realmente gigantes. Se você pensar que uma tartaruga aí no Brasil geralmente não fica maior do que um balde ou uma lata de tinta deitada, aqui elas são do tamanho de uma pilha de sacos de cimento. Vivem cerca de 200 anos. Cara...vi animais mais velhos que eu e que ainda viverão depois que eu morrer!

E elas são um sossego só. Talvez pelo calor que fazia nesta tarde, todas estavam à sombra, quase imóveis, uma ou outra comia alguma coisa.

Andamos mais um pouco e logo acabariam as atrações do centro de estudos, que tem uma praia ao lado. Fomos até essa praia e observamos um show da vida, literalmente.

Lembra do National Geographic Channel e do Discovery Channel? Bichos caçando, aves, de tudo? Então, sentamos nas pedras da praia próximos à ágia para aproveitar o por do sol e havia duas focas caçando peixes a cerca de 20m à nossa frente. Já à esquerda haviam algumas iguanas nadando e passeando elegantemente pela orla. Mais ao fundo à direita um pelicano tomava um sol para se secar. E estávamos rodeados de carangueijos de ao menos 3 espécies, uns avermelhados, outros pretinhos, outros meio acizentados... Outras aves sobrevoavam por ali, acho que Albatroz.









No caminho de volta encontramos essa iguana que é a primeira foto desta publicação, tranquilamente se refrescando do calor intenso. Havia outras na estrada, largadas imóveis como se estivessem mortas, mas era só preguiça e calor.

Voltamos e no caminho paramos para ver as focas e pelicanos viciados no mercado de peixes. Uma tia cortava alguns atuns para venda e os animais davam um show a parte. Debaixo da bancada uma foca que parecia um cachorro de estimação. Na frente da bancada três pelicanos tentavam abocanhar os peixes e restos da mesa. Sobre o teto outras aves olhavam pacientemente esperando algum resto cair no chão. Turistas de todas as partes do mundo, falando diversos idiomas, apontavam suas câmeras incrédulos com tanta vida supostamente silvestre fazendo uma bagunça que raramente podem ver, mas que aqui tem todo dia!







Avançamos um pouco mais e encontramos um restaurante bacana, olhamos o cardápio e resolvemos parar para um jantar. Afinal, estávamos cansados e o almoço foi bolachinha de avião.

Esse seria o melhor jantar até agora da viagem toda! Sim, não lembro de um jantar tão bom quanto esse. Tivemos almoços bons sim, mas esse foi o melhor jantar. Cevice e uma mariscada na grelha. E o melhor de tudo é que o cevice era padrão Luís, quero dizer, sem pimenta! Adorei. E a mariscada era um pouco de tudo, peixe, lula, polvo, camarão... marisco mesmo nada hehehe. Tava delicioso. Ist com seu suco e eu com minha cerveja local.







Que jantar. Ainda compramos uns pãezinhos de um tio que vendida de bicicleta... para o dia seguinte, quem sabe.


LUCIANA:

Como chegamos no meio da tarde aqui na Pousada, só foi o tempo de trocarmos de calça para shorts para irmos até onde ficam as tartarugas.
Elas são bem grandonas mesmo e super tranquilas!
Além delas têm muitas espécies de plantas que nunca vimos na vida! E passarinhos tão mansinhos que a gente tem que pedir licença pra eles voarem e saírem da frente...rs...um barato!
Feito o passeio pelo parque das tartarugas fomos até uma prainha contemplar mais natureza!
As focas pegando jacaré, as iguanas comendo algas e os milhares de carangueijos!
Tinha um tiozinho muito focado em tirar fotos de todos os animais bem de perto. Ele tava amando estar ali e foi se afastando e afastando e de repente tirou a roupa e ficou peladão pra entrar um pouquinho no mar....hahahahha....esse sabe viver! Ele não fez nada que me deixasse constrangida! Os doidos da Rua Augusta sim! rsrsrs
Pôr do sol e voltamos para o centrinho e jantamos o melhor cevice da vida! Aliás, o melhor jantar da viagem toda até agora! Meldels! :D
Como já tínhamos decidido para onde ir no dia seguinte e Luís me disse que possivelmente não comeríamos, corri pra comprar os pãezinhos do tio de bicicleta!
Engraçado que Equador é a terra da banana mas não vi banana pra vender na rua ainda! Eles comem ela como se fosse aipim frito...nada ver...gosto dela in natura! :/
Enfim...fomos descansar de barriga cheia e prontos para um novo dia todo nosso!

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